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24 de Abril de 2024

Eleições 2014: mais de 50% dos votos nulos não podem anular um pleito

há 10 anos

A aferição do resultado de uma eleição está prevista na Constituição Federal de 1988 que diz, em seu art. 77, parágrafo 2º, que é eleito o candidato que obtiver a maioria dos votos válidos, excluídos os brancos e os nulos. Ou seja, os votos em branco e os nulos simplesmente não são computados. Por isso, apesar do mito, mesmo quando mais da metade dos votos for nula não é possível cancelar um pleito.

Segundo a legislação vigente, o voto em branco é aquele em que o eleitor não manifesta preferência por nenhum dos candidatos. Por sua vez, é considerado voto nulo quando o eleitor manifesta sua vontade de anular, digitando na urna eletrônica um número que não seja correspondente a nenhum candidato ou partido político. O voto nulo é apenas registrado para fins de estatísticas e não é computado como voto válido, ou seja, não vai para nenhum candidato, partido político ou coligação.

Segundo a legislação, apenas os votos válidos contam para a aferição do resultado de uma eleição. Voto válido é aquele dado diretamente a um determinado candidato ou a um partido (voto de legenda). Os votos nulos não são considerados válidos desde o Código Eleitoral ( Lei nº 4.737/1965). Já os votos em branco não são considerados válidos desde a Lei nº 9.504/1997 (Lei das Eleicoes).

O ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) Henrique Neves destaca que a eleição “nada mais é do que verificar a vontade do povo”. “O verdadeiro detentor do poder democrático é o eleitor, que se manifesta por certo candidato. Se a pessoa não vai à urna ou vai e vota nulo, ela não manifesta a sua vontade em relação a nenhum dos candidatos. Se poderia até dizer que ela está fazendo um voto de protesto, mas as regras constitucionais brasileiras dão peso ‘zero’ para esse voto de protesto: ele não é considerado para o resultado das eleições”, frisa.

O ministro explica que, caso haja mais votos em branco e nulos em uma eleição, os candidatos que teriam de obter o apoio de mais da metade dos votos para serem eleitos em primeiro turno, neste caso, precisarão do apoio de menos eleitores para alcançar a vitória. Por exemplo: em um pleito envolvendo a participação de cem eleitores, para ser eleito, o candidato precisará de 51 votos válidos. Na mesma situação, se dos cem eleitores 20 votarem em branco ou anularem seu voto, apenas 80 votos serão considerados válidos e, dessa forma, estará eleito quem receber 41 votos.

Anulação da eleição

Existem, no entanto, algumas situações que autorizam a Justiça Eleitoral a anular uma eleição. De acordo com o Código Eleitoral, art. 222, é anulável a votação quando viciada de falsidade, fraude, coação, interferência do poder econômico, desvio ou abuso do poder de autoridade em desfavor da liberdade do voto, ou emprego de processo de propaganda ou captação de sufrágios vedado por lei.

Ainda conforme o Código Eleitoral, em seu art. 224, “se a nulidade atingir mais de metade dos votos do país nas eleições presidenciais, do Estado nas eleições federais e estaduais ou do município nas eleições municipais, julgar-se-ão prejudicadas as demais votações e o Tribunal marcará dia para nova eleição dentro do prazo de 20 a 40 dias”. Em resumo, se ficar comprovado que determinado candidato eleito com mais de 50% dos votos nas eleições majoritárias cometeu uma das irregularidades citadas, a Justiça Eleitoral deverá anular o pleito e determinar um novo.

“Quando isso ocorre, todos os votos que foram dados àqueles candidatos são anulados. Esses votos anulados não correspondem àqueles votos nulos, quando o eleitor erra a votação [na urna]. São votos válidos que posteriormente são anulados porque houve uma irregularidade na eleição, e aí quando a quantidade de votos anulados chega a mais de 50% é que se faz uma nova eleição”, esclarece o ministro Henrique Neves.

Além disso, aquele candidato que deu causa à anulação do pleito e à consequente necessidade de realização de nova votação não pode participar dessa nova eleição. O ministro lembra que a Advocacia-Geral da União (AGU) vem cobrando desses candidatos o custo da realização de novos pleitos.

“Quando ocorre a anulação de uma eleição, a Justiça Eleitoral e a população têm prejuízo. Por isso nós [ministros do TSE] temos muito cuidado nessas situações de anulação de eleição. Há que existir uma prova muito forte e um fato muito grave para que se chegue à anulação de uma eleição. E aí tem que se iniciar um novo processo eleitoral: as eleições são marcadas pelos TREs [tribunais regionais eleitorais] em um curto espaço de tempo, há nova campanha eleitoral, o eleitor tem que pesquisar novamente a vida pregressa dos candidatos para saber dentro daqueles que se lançaram qual tem melhores condições de representá-lo”, observa.

Outra possibilidade de anulação de uma eleição por parte da Justiça Eleitoral é no caso do posterior indeferimento do registro ou cassação do mandato de determinado candidato que foi eleito com mais de 50% dos votos válidos. Um registro de candidatura pode ser negado, por exemplo, por estar o candidato inelegível ou por este não estar quite com a Justiça Eleitoral.

Como os candidatos podem recorrer das decisões dos juízes, dos tribunais regionais eleitorais e até do Tribunal Superior Eleitoral, em algumas situações, somente após a eleição tem-se a decisão final acerca do registro de candidatura. Dessa forma, mesmo depois de eleito, é possível que determinado candidato tenha de deixar o cargo devido ao indeferimento de seu registro e a consequente anulação de todos os votos concedidos a ele.

Em 2013, ao todo, 75 cidades realizaram novas eleições para prefeito e vice-prefeito. Já neste ano, ocorreu renovação de eleição em nove municípios. Em todas essas localidades, as eleições municipais de 2012 foram anuladas pela Justiça Eleitoral porque o candidato que recebeu mais da metade dos votos válidos teve o registro de candidatura indeferido ou o mandato cassado.

Para evitar a realização de novos pleitos e o consequente prejuízo à sociedade, o ministro Henrique Neves alerta os eleitores sobre a importância de se pesquisar o passado dos candidatos. “A coisa mais importante é o eleitor pesquisar e verificar a vida pregressa do seu candidato. Ele pode escolher se ele vai ler num jornal, se vai ver na televisão, se vai acompanhar o horário eleitoral, buscar na internet, ouvir de um amigo, mas o importante é ele ter informação”, conclui.

LC/BB

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24 Comentários

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Pergunto: alguém tem uma ideia do que seja possível fazer? vejam bem: FHC criou o fator previdenciário que arrebentou com os trabalhadores prestes a se aposentarem; LULA e DILMA nada fazem para acabar com esta safadeza arquitetada pelo FHC; AÉCIO e FHC são um só. E tem mais: FHC começou a entrega do patrimônio brasileiro, o que quer dizer que se AÉCIO ganhar o país vai ser fatiado para os interesses internacionais, principalmente americanos; DILMA está entregando também, vendendo o pré-sal. PERGUNTO: devo votar em alguma destas desgraças, apenas para dizer que votei, que participei? vou participar sim, comparecerei às urnas para votar em branco, haja vista, o meu profundo desprezo por toda esta classe de desgraçados que acabam com o meu país. continuar lendo

FHC somente realizou o que a sigla de seu partido promete PSDB = Partido da Social Democracia do Brasil.

Veja o que significa social-democracia
http://pt.wikipedia.org/wiki/Social-democracia

Na seção Brasil da página da Wikipedia, o PT aparece como social-democrata, mas pela análise das ações por eles postas em prática e pelo histórico de seus mais importantes membros, descordo veementemente desta classificação. Declarar-se marxista-lenilista amedronta as pessoas no Brasil, então alguns partidos se auto-declaram sociais democratas, tal qual o macumbeiro e o ateu que se declaram católicos para evitar o preconceito e a discriminação. continuar lendo

O grande mal do eleitor brasileiro é pensar que o Estado é um saco sem fundo de dinheiro. Lógico que todos queremos nos aposentar o mais cedo possível, ganhando o máximo que se puder pagar. No entanto, o perfil demográfico do país mudou e as regras previdenciárias precisaram mudar, pois a economia não gera o dinheiro necessário para atender o nosso ideal de aposentadoria. O INSS consome 70% do orçamento público.

Virou moda bater no Fator Previdenciário porque tem efeito demagógico, mas ele foi juntamente com a Lei de Responsabilidade Fiscal um dos maiores legados do governo FHC para o Estado brasileiro. São dessas decisões boas para o Brasil, porém impopulares junto aos brasileiros - que nada entendem de economia.

Só os grandes estadistas são capazes de empreender reformas como as feitas no governo FHC, do tipo que é necessária e sentida apenas no longo prazo, mas que tem efeito eleitoral adverso. É preciso muita vontade de arrumar o Estado brasileiro e nada de populismo. continuar lendo

Favor verificar a possibilidade de atualizar nossas urnas eletrônicas por um sistema de coleta e apuração de votos de segunda ou terceira geração.

Impressão do voto secreto para armazenamento em uma urna (preferencialmente sem manipulação por parte do eleitor ou de terceiros) para confrontação no caso da necessidade de se recontarem os votos. Ou a mesma possibilidade em que a cédula tenha microchip.

Registro/totalização de votos da seção em equipamento/máquina diverso daquele em que o mesmo é colhido.

Ou seja, por favor deem ouvidos ao CMIND, ao pessoal da UNB e ao Eng Amilcar Brunazzo. continuar lendo

Verdade achille , enquanto tiver Urna eletronica funcionando de jeito q esta nao da pra confiar, eu nao confio mais votar no Brasil, acho uma piada este nosso ssitema que nem o paraguai aprovou HAHAHAHA e depois dizerm que é o mais seguro do mundo, que loucura.

Que Matrix é esta velho!! continuar lendo

Acheille, a totalização dos votos se dá em equipamento diverso do qual é colhido.Leia, estude e se informe melhor.
A urna é segura.Fato comprovado. continuar lendo

Sr.André Bordin; e quem garante essa segurança? A "zerezima" ?
Se e isso que o TSE nos oferece como garantia de lisura na apuracao,
ent'ao estamos sem garantia nenhuma. continuar lendo

Caro André Bordin

Antes de sugerir que alguém se informe melhor sobre algum assunto é melhor você mesmo fazê-lo, pois pode acabar passando vergonha.

Sugestões de leituras sobre diversas sobre o assunto:

Confiabilidade do sistema de coleta e apuração dos votos:
http://www.cic.unb.br/~rezende/trabs/ueauditoria.html
http://www.folhapolitica.org/2014/01/professor-doutor-da-unb-diz-que-fraude.html
http://www5.usp.br/26173/forum-no-icmc-discute-possibilidade-de-fraude-nas-urnas-eletronicas-brasileiras/
http://www.brunazo.eng.br/voto-e/

Eleições estaduais Alagoas 2006
http://www.brunazo.eng.br/voto-e/textos/alagoas1.htm#4o

Vídeos do youtube para impacientes:
JustTV (Fraudes, descrição do nosso sistema e novas opções "2ª e 3ª gerações", coerção contra candidatos que questionem o sistema)
http://youtu.be/kpinZwI3gfs?list=FLj383hBGmz7l9t8sMr_ETcg

Professor da UNB sobre o voto impresso e fragilidade técnica da urna eletrônica brasileira (integridade, sigilo da votação e impossibilidade de auditagem)
https://www.youtube.com/watch?v=NHh_MZnBfCE

Canal do otário (possibilidade de fraude mesmo com biometria) "desconsiderar o vício da teoria da conspiração, e favor observar os vínculos na descrição dos vídeos, mesmo sendo bem humorado na apresentação, ele apresenta as fontes sérias de onde as informações foram tiradas"
https://www.youtube.com/watch?v=_DQONk4disU
https://www.youtube.com/watch?v=CsU7172WTWs

Favor, Sr André, faça-me um contraponto e me apresente fontes TÉCNICAS (engenheiros, cientistas da computação, advogados,...) que apontem que o sistema de coleta e apuração eleitoral brasileiro é de fato seguro.

Se a sua única fonte de consulta forem as propagandas oficiais (peças publicitárias), lamento mas o senhor está se iludindo. continuar lendo

Se poucos forem votar eles serão eleitos mesmo assim e terão representação legal, porém terão representação moral? continuar lendo

bastante esclarecedor esse artigo, pois acaba com esse mito de que se metade da população votar nulo a eleição é anulada, e esclarece em quais situações realmente isso pode acontecer, e para finalizar a obrigatoriedade do voto não é democrático, não condiz com o principio da democracia, deveria ser facultativo. continuar lendo